Síndrome do Trato Iliotibial

Síndrome do Trato Iliotibial

Introdução

A Síndrome do Trato Iliotibial (STIT) é uma das causas mais comuns de dor lateral no joelho, especialmente entre corredores, ciclistas e praticantes de esportes de endurance. Apesar de frequentemente associada ao joelho, também pode acometer a região lateral do quadril, impactando negativamente a qualidade de vida e o desempenho esportivo. O diagnóstico clínico e o tratamento precoce são fundamentais para uma boa recuperação e retorno às atividades.

trato iliotibial em corredor
https://goravdatta.com/iliotibial-band-syndrome/

A Função do Trato Iliotibial

O trato iliotibial é uma espessa faixa de tecido fibroso que se origina na crista ilíaca e segue pela face lateral da coxa até se inserir no tubérculo de Gerdy, na tíbia. Ele é formado pelas fibras do músculo tensor da fáscia lata e do glúteo máximo. Atua como estabilizador dinâmico do joelho e do quadril durante atividades em cadeia cinética fechada, como caminhada, corrida e saltos, contribuindo também para o equilíbrio postural e controle rotacional do fêmur.

O Que é a Síndrome do Trato Iliotibial?

A STIT, também conhecida como síndrome de fricção do trato iliotibial, é uma lesão por sobrecarga. Ocorre devido à fricção ou compressão do trato contra o epicôndilo lateral do fêmur durante movimentos repetitivos de flexão e extensão do joelho. Essa irritação causa inflamação dos tecidos moles adjacentes, dor local e limitação funcional. A condição pode envolver também a região do quadril, especialmente o grande trocânter, onde o trato iliotibial se insere proximalmente.

Etiologia

  • Fricção repetitiva do trato contra o epicôndilo lateral do fêmur
  • Compressão dos tecidos subjacentes, como bursas e tecido adiposo
  • Fraqueza dos músculos abdutores do quadril e do core
  • Alterações biomecânicas, como adução excessiva do quadril e rotação externa do fêmur
  • Erros de treinamento, como aumento abrupto de volume, superfícies inclinadas e calçados inadequados

Sintomas da Síndrome do Trato Iliotibial

Joelho

Dor aguda ou em queimação na lateral do joelho, geralmente a 2 a 3 cm acima da linha articular, sobre o epicôndilo lateral do fêmur. Essa dor aparece durante atividades repetitivas, como corrida, especialmente em descidas, e tende a desaparecer com o repouso. A dor é frequentemente desencadeada por testes clínicos como o de Ober e o de compressão de Noble. Outros achados incluem crepitação, sensação de estalido e sensibilidade à palpação na face lateral do joelho.

Síndrome Trato Iliotibial no joelho - Porto Alegre e Gravatai

Quadril

Além do joelho, a síndrome pode se manifestar com dor no quadril, especialmente na região trocantérica. Essa dor ocorre ao subir escadas, deitar-se sobre o lado afetado ou após longas caminhadas. Pode ser confundida com bursite trocantérica ou tendinopatia glútea. Em casos crônicos, há irradiação da dor da pelve até o joelho, associada a alterações no padrão de marcha e redução da amplitude de movimento.

trato iliotibial quadril com dor

Fatores de Risco

  • Aumento súbito de volume ou intensidade de treino
  • Corrida em declives ou superfícies inclinadas
  • Biomecânica alterada (ex.: rotação externa do fêmur, adução do quadril)
  • Fraqueza dos músculos glúteos e abdutores do quadril
  • Pronação excessiva dos pés
  • Assimetria no comprimento dos membros inferiores
  • Uso de calçados inadequados ou desgastados

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico e se baseia em uma anamnese detalhada e exame físico. Os principais testes são:

  • Teste de Ober: avalia encurtamento do trato iliotibial;
teste de ober
https://www.arthroscopytechniques.org/article/S2212-6287(17)30087-7/fulltext#fig3
  • Teste de compressão de Noble: provoca dor sobre o epicôndilo lateral ao se flexionar o joelho a 30° com pressão;
teste noble joelho
https://www.piriforme.fr/bdd/orthopedie/genou/noble
  • Avaliação da biomecânica funcional: padrões de marcha, corrida e apoio monopodal.

Exames complementares como ressonância magnética e ultrassonografia são úteis para descartar diagnósticos diferenciais ou confirmar inflamações associadas.

trato iliotibial no joelho em ressonancia magnetica
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC8250009/
trato iliiotibial quadril
https://radsource.us/proximal-iliotibial-band-syndrome/

Tratamentos

Tratamento Conservador

  • Modificação das atividades físicas
  • Liberação miofascial com rolo de espuma ou técnicas manuais
  • Bandagens funcionais, terapia por ondas de choque, dry needling
  • Fisioterapia com foco em fortalecimento dos glúteos, abdutores do quadril e core
  • Alongamentos específicos para trato iliotibial e cadeia posterior

Exercícios Recomendados para STIT

1. Fortalecimento de Glúteo Médio

Essencial para estabilização pélvica e controle de adução femoral:

  • Abdução de quadril em decúbito lateral

  • “Clamshell” com elástico (elevação com joelhos flexionados)

  • Ponte unilateral (ativação glútea em cadeia cinética fechada)

  • Passada lateral com miniband (band walk)

Fortalecimento de Glúteo Médio no trato iliotibial

2. Fortalecimento de Core e Pelve

Melhora o controle lombo-pélvico:

  • Prancha lateral (side plank) com progressão para elevação de perna

  • Bird dog

  • Dead bug

Fortalecimento de Core e Pelve trato ilitibial

3. Exercícios de Controle Neuromuscular e Funcionais

Corrigem padrões de movimento:

  • Agachamento com feedback de alinhamento do joelho

  • Step-down (descida de degrau controlada)

  • Single-leg squat com espelho

Exercícios de Controle Neuromuscular e Funcionais trato iliotibial

4. Alongamentos do Trato Iliotibial e Cadeia Posterior

Embora a eficácia seja debatida, são amplamente utilizados:

  • Alongamento do trato iliotibial em pé com cruzamento das pernas

  • Alongamento do tensor da fáscia lata

  • Alongamento de glúteo máximo e isquiotibiais

Alongamento de glúteo máximo e isquiotibiais trato iliotibial Alongamento de glúteo máximo e isquiotibiais trato iliotibial

5. Liberação Miofascial com Rolo de Espuma

  • Auto liberação do trato iliotibial e quadríceps lateral

  • Pode reduzir sensibilidade e melhorar mobilidade 

Liberação Miofascial com Rolo de Espuma trato iliotibial

Tratamento Medicamentoso

  • Uso de anti-inflamatórios não esteroidais por curto período
  • Infiltração com corticosteroides guiadas por ultrassonografia
infiltracao trato iliotibial com ultrassom
https://doi.org/10.1007/s40477-020-00478-3

Tratamento Cirúrgico

Reservado para casos crônicos que não respondem ao tratamento conservador. Pode envolver liberação do trato iliotibial ou excisão de bursa inflamada.

Prognóstico

O prognóstico da STIT é excelente quando o tratamento é iniciado precocemente. A maioria dos pacientes apresenta melhora significativa entre 2 e 8 semanas. A recidiva pode ocorrer se os fatores predisponentes não forem tratados adequadamente.

Conclusão

A STIT é uma condição comum que, com diagnóstico precoce e reabilitação individualizada, apresenta excelente resposta ao tratamento. A correção de fatores biomecânicos e a educação do paciente são fundamentais para a prevenção de recidivas.

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Rafael De Luca de Lucena – Doctoralia.com.br

 

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